O excesso de peso pode piorar o controle do diabetes

Comportamentos mais sedentários como sedentarismo ou baixa atividade física, bem como tempo excessivo em celulares, tablet, TV e computadores, contribuem para o aumento da obesidade.

Um levantamento realizado nos Estados Unidos, concluiu que crianças de 5 a 8 anos passam quase três horas por dia em frente às telas. A Academia Americana de Pediatria recomenda que crianças entre 2 a 5 anos sejam limitadas a uma hora de tela por dia. Mães e pais devem elaborar regras de tempo para os eletrônicos. O aumento da ingestão de “fast food”, e a baixa oferta de opções saudáveis no ambiente escolar e nas áreas de lazer também contribuem para o ganho de massa gorda, principalmente na área abdominal.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e da Federação Internacional de Diabetes (IDF), o diabetes tipo 2 (DM2) é o mais frequente, estando associado à obesidade e ao sedentarismo. É caracterizado pela deficiência parcial de secreção de insulina pelas células ß pancreáticas, e resistência à ação da insulina, além de alterações na secreção de incretinas (SBD 2022).

Por outro lado, o diabetes tipo 1 (DM1) é mais comum em crianças e adolescentes, ciclo em que pode ocorrer a deficiência grave de insulina, devido à destruição das células ß, associada à autoimunidade. Há algum tempo, a obesidade estava presente no DM2, mas não era frequente no DM1.

Com a mudança do estilo de vida e o alto consumo de fast food, associados à redução do consumo de refeições saudáveis, a estática de obesidade nas crianças e adolescentes com DM1 está aumentando e piorando o controle do diabetes.

A terapia nutricional, conhecida por “Contagem de Carboidratos”, permite uma flexibilidade alimentar. Quem tem  DM1, quando aumentam o consumo de carboidratos para manterem a glicemia dentro da faixa ideal, necessitam ajustar a dose de insulina de ação ultrarrápida nas refeições.

Alimentos com carboidratos e ricos em gorduras saturadas refletem na glicemia de maneira diferente e, geralmente, causam uma hiperglicemia de 3 a 6 h após o consumo alimentar. Quem realiza o monitoramento contínuo da glicose, como pelo sistema flash de glicose intersticial, por exemplo (sensor Libre), consegue acompanhar as alterações glicêmicas e sabe quando está ocorrendo uma elevação. Para aqueles que realizam poucos testes ou que fazem o monitoramento somente 2 h após as refeições, não conseguem visualizar as reais glicemias.

O esvaziamento gástrico de refeições com maior quantidade de proteínas e gorduras é mais lento, e a digestão e a conversão em glicose ocorre mais tardiamente. Por este motivo, uma dose adicional de insulina e o momento correto de aplicar essa dose extra, deverá acontecer com ajuda do profissional médico.

Os alimentos fast food, como salgados, pizzas, lasanha, tortas, biscoitos recheados e, também os salgadinhos, são exemplos de alimentos ricos em calorias. Porém, o maior prejuízo na saúde tem sua origem na quantidade e tipo de gordura, bem como na alta quantidade de açúcar adicionado. O alto teor de sódio também não é saudável.

Alimento rico em sódio é quando cada porção contém 400 mg ou mais de sódio. Baixo em sódio contém até 120 mg de sódio por porção. Porção é a quantidade indicada na tabela nutricional do produto.

Os efeitos prejudiciais de aumento de peso e resistência à insulina atingem diabéticos e não diabéticos, sendo um dos motivos pelo qual a estatística de diabetes está cada vez maior no mundo.

Dicas para indivíduos com DM1, DM2 e também para não diabéticos:

  • Reduzir a frequências de fast food e frituras de imersão à 1 x/ semana ou menos
  • Preparar os alimentos com: óleo vegetal ou azeite, temperos naturais e o necessário de sal. Evitar saleiro na mesa.
  • Azeite extra virgem – 2 x/ dia
  • Os doces quando consumidos devem seguir a proposta de uma alimentação saudável, consumir esporadicamente ou evitar. Em se tratando de diabéticos os carboidratos dos doces devem fazer parte da contagem de carboidratos da refeição.
  • Alimentos in natura e os minimamente processados devem ser a base da alimentação
  • Vegetais A ou folhosos e Vegetais B ou legumes devem estar presentes 2 x/ dia no almoço e jantar
  • Frutas no seu estado natural devem estar presentes no almoço e jantar. Os sucos de frutas têm o triplo de carboidratos e muitas vezes adição de açúcar.
  • Feijões e demais leguminosas: lentilhas, ervilhas e grão de bico, são ricos em fibras e proteínas vegetais, pelo menos 1 x ao dia.
  • Proteínas animais magras: frango sem pele – peito, coxa ou sorecoxa, carne bovina: chã/ patinho/ lagarto/ …
  • Peixe 1 ou 2 x semana. Fígado é um alimento rico em ferro que pode e deve ser incluído nos cardápios; atenção com relação ao aumento do ácido úrico e do colesterol
  • Carboidratos: a quantidade irá depender do plano alimentar elaborado no momento da consulta nutricional. É bom variar: arroz, batata baroa/ doce ou inglesa, aipim, inhame, milho, pão integral ou rico em grãos, aveia, espiga de milho,…
  • As massas devem ser preparadas AL dente. Devem ser acompanhadas com pelo menos 1 vegetal, e proteína.
  • 3 porções/ dia de alimentos ricos em cálcio.

A consulta nutricional deve acontecer no momento do diagnóstico do Diabetes, no mês posterior e no máximo 6 meses após a consulta inicial.

 

Por Wilma Rodrigues de Amorim, nutricionista clínica e educadora em diabetes