Pâncreas Artificial

Com a palavra, Dra. Claudia Pieper

A tecnologia atual de bomba de insulina monitora e calcula as necessidades de insulina com base da glicose no líquido intersticial, lida a partir de um sensor colocado no tecido subcutâneo. Mas esta terapia ainda necessita, no caso de crianças, que os pais revisem os níveis de glicose, usando um monitor e, em seguida, ajuste manualmente a quantidade de insulina administrada pela bomba.

O professor Roman Hovorka, do Wellcome-MRC Institute of Metabolic Science da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, desenvolveu um aplicativo – CamAPS FX – que, combinado com um monitor de glicose e uma bomba de insulina, atua como um pâncreas artificial. Ele ajusta automaticamente a quantidade de insulina que fornece com base nos níveis de glicose, previstos ou em tempo real, o que significa que os pais da criança terão que administrar insulina na hora das refeições, já em todos os outros momentos o sistema funciona sozinho.

Explicando melhor, o pâncreas artificial, que também é chamado de “sistema híbrido de circuito fechado”, conecta a bomba de insulina e o monitor de glicose em um único sistema automatizado. Tudo isso é integrado através de um algoritmo de computador, que analisa as leituras de glicose do monitor e ajusta automaticamente as doses de insulina da bomba. Essa automação reduz significativamente a preocupação e trabalho constante dos pais, principalmente à noite.

Um novo estudo, publicado em 20 de janeiro no New England Journal of Medicine, acrescenta evidências de que a tecnologia é segura para crianças pequenas e pré-escolares, reduzindo a hemoglobina glicada e controlando melhor o diabetes.

Até recentemente, a maioria das pesquisas sobre sistemas de pâncreas artificial se concentrava em adultos ou crianças mais velhas.

Em março do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANS) aprovou a implantação de um pâncreas artificial híbrido e, no final de janeiro, foi realizado com sucesso o primeiro implante do aparelho no país em uma pessoa com diabetes tipo 1, de 30 anos de idade. É importante avaliar a real necessidade dessa nova tecnologia, que ainda apresenta um valor alto para sua aquisição e manutenção.

Aplicativo do Pâncreas artificial, bomba de insulina e monitor de glicose ( CGMS) – (Imagem da Universidade de Cambridge).