Diabetes Gestacional: Riscos,Prevenção, Diagnóstico e Tratamento

Entrevistamos a endocrinologista Dra. Patrícia Peixoto para saber mais sobre a Diabetes Gestacional e, assim, levar informação segura para a mulher que deseja engravidar.

Revista EmDiabetes: Como se diagnostica o Diabetes Mellitus Gestacional (DMG)?

Dra. Patrícia Peixoto: Com o aumento crescente da obesidade e diabetes, houve mudanças no método de detecção, para evitar o não diagnóstico e consequente tratamento. Hoje se recomenda a investigação do diabetes pré-existente e não diagnosticado no início do pré-natal, pelos seguintes métodos:

  • Hemoglobina glicada (HBA1c) ≥ 6,5%
  • Glicemia de jejum (≥ 126mg/dL)
  • TOTG 75g* com glicemia de 2h ≥ 200 mg/dl ou
  • Glicemia ocasional, na presença de sintomas de hiperglicemia (≥ 200mg/dl)

Não havendo diabetes já no início da gestação, todas as gestantes deverão realizar TOTG  75g, entre 24 e 28 semanas, para o diagnóstico do DMG.

Os pontos de corte recomendados são 92, 180 e 153 mg/dl, respectivamente, para as glicemias plasmáticas de jejum, 1 e 2 horas, após a sobrecarga de glicose e o diagnóstico de diabetes gestacional será dado por apenas um valor igual ou superior aos limites pré-definidos.

Revista EmDiabetes: Como é o tratamento da mulher com diagnóstico de diabetes gestacional?

Dra. Patrícia Peixoto: A monitorização da glicemia capilar é necessária, a ser feita de 3 a 7 vezes por dia, pré e pós-refeições (prandiais). Caso não seja possível essa monitorização, pode ser feito com uma glicemia de jejum e duas pós-prandiais semanais, medidas em laboratório.

Se após duas semanas de dieta os níveis glicêmicos permanecerem elevados ou a avaliação do feto mostrar medida da circunferência abdominal fetal maior ou igual ao percentil 75 será indicado início de tratamento, sendo a insulinoterapia o tratamento padrão, embora já se use também medicamentos orais (glibenclamida e metformina) com segurança. E deverá ser mantida a monitorização da glicemia durante toda a gestação.

O tratamento deverá ser mantido até o parto. No pós parto é importante estimular a amamentação, fator de proteção para mãe e filho, bem como fazer a avaliação da glicemia materna  de 6 a 8 semanas após o parto.

Dra. Patrícia Peixoto, endocrinologista e palestrante do projeto Ases Care de atenção multidisciplinar ao paciente diabético, membro da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), da Abeso (Associação Brasileira para Estudos da Obesidade) e da Endocrine Society.

Revista EmDiabetes: É possível prevenir a Diabetes Gestacional? Como?

Dra. Patrícia Peixoto: Sim. Se por um lado a história familiar de diabetes tipo 2 é algo que não pode ser mudado, outros fatores de risco listados abaixo são modificáveis. A mulher reduz o risco de diabetes gestacional se já antes de engravidar mantém uma rotina de exercícios físicos e uma alimentação saudável, buscando um peso adequado. Além disso, durante a gestação esses hábitos deverão ser mantidos. Buscar um ganho de peso dentro do esperado pelo IMC pre gestação também é uma forma de reduzir este risco.

Revista EmDiabetes: Quais os fatores de risco para o diabetes gestacional?

Dra. Patrícia Peixoto: Os principais fatores que predispõem:

  • História familiar de diabetes tipo 2 em parente de primeiro grau
  • Diagnóstico de síndrome de ovários policísticos
  • Idade maior que 25 anos
  • Sobrepeso/ obesidade (IMC>25Kg/m2)
  • Antecedentes obstétricos:
  • Perdas gestacionais de repetição, diabete gestacional, polidrâmnio, macrossomia, óbito fetal/neonatal sem causa determinada, malformação fetal, hipoglicemia neonatal e síndrome do desconforto respiratório
  • Gravidez atual: ganho de peso materno excessivo, macrossomia fetal, polidrâmnio
  • Uso de drogas hiperglicemiantes (corticóides, diuréticos tiazídicos, entre outros)
  • Síndrome Metabólica: dislipidemia, hipertensão arterial, resistência à insulina.

 

TOTG 75g – Para o diagnóstico de diabetes mellitus, utiliza-se a glicemia de jejum e após a sobrecarga de 75g de dextrosol (chamado de Teste Oral de Tolerância à Glicose – TOTG).

A tabela abaixo resume os resultados:

Categorias Jejum 2h após 75 g de dextrosol Casual
GLICEMIA DE JEJUM ALTERADA > 100 e < 140 mg/dL
< 126 mg/dL
TOLERÂNCIA À GLICOSE DIMINUÍDA < 126 mg/dL > 140 e
E < 200 mg/dL
DIABETES MELLITUS > 126 mg/dL > 200 mg/dL > 200 mg/dL
(2 vezes) OU OU com sintomas clássicos

Assim, é considerado diabético aquele paciente que tiver 2 glicemias de jejum acima de 126 mg/dL ou, se na glicemia de 2 horas durante o TOTG, o valor for superior a 200 mg/dL. Além disso, em qualquer momento do dia, se o paciente tiver sintomas clássicos (sede aumentada, diurese exagera ou aumento da fome) e a glicemia for maior que 200 mg/dL, confirma-se o diagnóstico de diabetes mellitus.

O ideal é procurar um endocrinologista para confirmar a alteração glicêmica e estabelecer o diagnóstico. Além disso, o especialista irá orientar com relação à dieta adequada e atividade física, e, se necessário, prescrever o melhor tratamento para o caso.

(Fonte: https://www.endocrino.org.br/perguntas-frequentes-sobre-diabetes-ii/ )

Outras Informações sobre Diabetes e Gravidez você poderá encontrar:

https://www.endocrino.org.br/10-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-gestantes-com-diabetes/

https://www.diabetes.org.br/publico/diabetes-gestacional

 

Por Sheila Vasconcellos