A Revista EmDiabetes entrevistou a Dra. Lenita Zajdenverg sobre algumas questões relacionadas ao Diabetes e à Gestação. O início desta entrevista você poderá acessar na edição de dezembro da Revista . Aqui no site, mais questões importantes para que você tire suas dúvidas antes de começar seu planejamento familiar.
Revista EmDiabetes: Quais as recomendações para as mulheres que enfrentam o Diabetes Gestacional?
Dra. Lenita Zajdenverg: Em gestantes que desenvolvem diabetes gestacional, elas são orientadas a manter uma dieta saudável. Não é hora de perder peso, nem ganhar peso em excesso. É preciso receber orientação em relação a uma dieta equilibrada contendo todos os nutrientes. Se for uma paciente que não tem contra indicação, a prática de atividade física deve ser leve. Essa recomendação é para aquelas mulheres que eram sedentárias e que elas podem iniciar uma atividade física leve, desde que não tenha qualquer contra indicação obstétrica. Ideal que façam pelo menos a caminhada, que não causa um grande Impacto. Se mesmo apesar da atividade física e da dieta, glicose não chegar perto da meta estabelecida pelo médico, é recomendado o uso da insulinoterapia.
Revista EmDiabetes: Quais os principais cuidados durante a gestação?
Dra. Lenita Zajdenverg: A gestante com diabetes deve ter consultas regulares não só com o obstetra para o pré-natal, mas também com o endocrinologista ou diabetólogo. Ela deve procurar uma assistência nutricional especializada no cuidado da gestante com diabetes. Como eu falei na resposta anterior, ela deverá fazer múltiplas monitorizações ao longo da gravidez, não apenas antes das refeições mas também 1 ou 2 horas após as refeições. Além disso, deve monitorizar a pressão arterial, o ganho de peso, tanto o excesso de ganho de peso, como o ganho de peso inadequado.
Revista EmDiabetes: Os filhos de mães com diabetes tipo 1 tem risco de desenvolverem o diabetes tipo 1 também? Há algum estudo neste sentido?
Dra. Lenita Zajdenverg: O diabetes tipo 1 é uma doença de penetrância hereditária muito variável. É diferente do diabetes tipo 2 em que a hereditariedade é um fator muito importante. No diabetes tipo 1 nós vemos mais freqüentemente acometer pessoas que não tem outros membros acometidos na família. Entretanto, uma mulher que tem diabetes tipo 1, ela tem um risco um pouco maior de ter filhos na sua prole com diabetes tipo 1. Este não é um risco enorme, é um pouco maior do que na população em geral. O risco de um ambiente intra-uterino com excesso de glicose está associado independente da mãe ter o diabetes tipo 1, 2 ou o diabetes gestacional. No diabetes tipo 1, a relação é maior com o risco dessa prole vir a evoluir na vida adulta com um quadro de resistência à insulina ou síndrome metabólica. Ou seja, o feto que está exposto a um ambiente intra-uterino hiperglicêmico pode ter maior chance na vida adulta de vir a desenvolver obesidade, diabetes tipo 2 e a se tornarem hipertensos.
Revista EmDiabetes: Qual a sua opinião sobre o uso das bombas de insulina durante este período? Existe no Brasil este tipo de recomendação, como existe na Espanha?
Dra. Lenita Zajdenverg: O uso da bomba de infusão contínua de insulina durante a gravidez é considerado seguro. A terapia é aprovada pelas agências regulatórias e recentemente alguns estudos mostraram que, comparando o uso da bomba com o uso de insulina em múltiplas doses em mulheres com diabetes tipo1 não é uma vantagem clara em relação à indicação da bomba especificamente nessa fase da vida da mulher. Aquela mulher que já está bem com o uso da bomba de infusão contínua antes da gravidez, ela pode manter a sua terapêutica com bomba ao longo da gravidez. Existe sucesso terapêutico ao longo da gravidez naquela mulher que já fazia uso de bombas em relação a indicar o início do uso de bomba durante a gravidez. Nós indicamos em casos específicos, em que a paciente tem diabetes muito instável ou vários episódios de hipoglicemia enquanto grávida, mas nesses casos é preciso que seja feita uma avaliação individual por especialistas que poderá indicar uso da bomba para essa paciente.
Por Sheila Vasconcellos