Na semana do Dia Internacional da Tireoide, pensamos que seria importante explicar melhor qual o papel que teria essa pequena glândula em forma de borboleta localizada na parte inferior pescoço, em relação ao diabetes.
A tireoide é responsável por ajudar na regulação do metabolismo do corpo, nos processos de uso e armazenamento de energia, liberando os chamados hormônios da tireoide, conhecidos como T4 (tiroxina) e T3 (triiodotironina). Se ocorrer uma produção muito alta destes hormônios, o metabolismo acelera (hipertiroidismo), e se a produção for baixa, o corpo funciona mais devagar (hipotireoidismo). O hormônio tireoidiano é importante para o metabolismo e, portanto, importante no controle do metabolismo do peso e do colesterol.
Como o diabetes tipo 1 e algumas doenças da tireoide tem características chamadas autoimunes, é muito frequente (até três vezes mais) a presença também da chamada Tireoidite de Hashimoto ou autoimune no diagnóstico do diabetes. Para a pessoa saber se tem ou não esta disfunção da tireoide é necessário dosar os anticorpos anti tireoideanos, conhecidos como anti-tireoperoxidase e anti-tireoglobulina. A presença deles pode levar com o passar do tempo a um quadro de hipotiroidismo ou mau funcionamento da tiroide, sendo necessário a reposição hormonal.
Muitas pessoas com tipo 2, em particular mulheres de meia idade, também são suscetíveis a uma forma não autoimune de doença da tireoide.
Efeitos sobre o diabetes
No hipertireoidismo, quando ocorre uma produção aumentada de T4 e T3, o metabolismo acelera, podendo ocorrer perda de peso e os níveis de glicose no sangue podem aumentar. Além disso, os medicamentos também são metabolizados (passam pelo corpo) mais rapidamente também.
As vezes, os sintomas de hipertireoidismo e a baixa glicose no sangue (hipoglicemia) podem ser difíceis de distinguir. A pessoa pode apresentar suor excessivo e tremores devido ao hipertireoidismo e, pode pensar, que está com hipoglicemia. Isso acaba levando a ingestão de alimentos extras, fazendo com que a glicose no sangue aumente. É fundamental estar monitorando a glicose para evitar problemas como esse.
No hipotireoidismo, o metabolismo diminui e o nível de glicose no sangue pode cair.
Os medicamentos para o diabetes passam mais lentamente pelo organismo, incluindo a insulina e, permanecem ativos por mais tempo. No hipotireoidismo, na maioria das vezes é necessário reduzir a dose de insulina e de medicamentos para diabetes para evitar hipoglicemias.
É interessante também lembrar o estudo recente do Dra. Layal Chaker, do Erasmus Medical Center in Rotterdam (Países Baixos), com cerca de 8.500 pessoas, que mostrou que ter muito pouco hormônio da tiroide no sangue – mesmo na faixa de baixa normalidade – aumenta o risco de desenvolver diabetes tipo 2, especialmente em pessoas com pré-diabetes. Pacientes diagnosticados com pré-diabetes têm uma probabilidade 40% maior de desenvolver diabetes se também forem diagnosticados com hipotireoidismo.
É importante verificar os níveis de hormônios da tireoide anualmente com um simples exame de sangue. O teste indicará se você tem uma tiroide com a função normal, se ela é hiper ou hipoativa, dependendo do nível de hormônios no sangue.
Fique atento a sua tireoide!
Conversamos com a Dra. Karen de Marca sobre a questão, em uma atividade para o público realizada no Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia no Rio de Janeiro.
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